SANTO SUDÁRIO “O espelho do Evangelho”

Autor: Padre Giuseppe Sometti (2004)

Amigo leitor.

O meu pequeno trabalho consistiu em colocar as notícias relativas à sagrada peça de linho em forma lógica – porquanto eu entenda – e em forma legível e compreensível aos leitores, a quem de modo especial me dirijo.
Quero, ainda, acrescentar, que ao redigir essa síntese do sagrado lençol elaborada sobre o suor de muitos estudiosos, me senti tão confortado que o fruto ficou muito além do quanto eu esperava. Eu pude, de fato, envolver-me afetivamente, à medida que prosseguia no estudo, solicitado pela inteligência que me abria os segredos da preciosidade da imagem que todos enxergam e que ninguém pode explicar humanamente.
Penso que, esse lençol que envolveu o santíssimo corpo de Cristo, se tornará a cada pessoa motivo de profundas reflexões, intuindo-se o amor e o sofrimento daquele homem que deixou impressos no linho, sinais das torturas e que a desolada e aflita mãe Maria, imprimiu no seu coração junto às pessoas que “chorando” envolveram, com aquele linho, o sacrossanto Corpo do “Rabûni” Jesus.
Agradeço, enfim, todos os pesquisadores que por décadas se debruçaram sobre esse Sagrado Lençol para dar-nos a certeza, quase absoluta, que aquele corpo tão martirizado é de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isto é, de um homem atlético, majestoso, que foi flagelado, coroado de espinhos, que carregou uma cruz de madeira pesada, que foi crucificado e que, depois de morto, recebeu uma lançada no costado que lhe abriu o coração, de onde saiu sangue e água.
Pe. Giuseppe Sometti

INTRODUÇÃO

Dentre todos os objetos guardados como relíquias da paixão e morte de Jesus Cristo, nenhum tem despertado maior curiosidade que o misterioso “Santo Sudário de Turim”.

Trata-se de uma peça de linho cru, medindo 1,11 metros de largura por 4,37 metros de comprimento, sobre a qual duas figuras unidas pela cabeça, cor de ferrugem pálido, abrangem as imagens de costa e de frente de uma figura humana, estendida e morta.

Segundo a tradição, a Síndone é o lençol de linho no qual Jesus Cristo foi envolvido depois que foi tirado da cruz. Tudo isso corresponde à descrição do Evangelho, segundo a qual José de Arimatéia, membro do Sinédrio, pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus. Permitindo-o Pilatos, retirou o corpo da cruz e o envolveu num lençol de linho (ou Síndone), embebido em trinta quilos da perfume feito de mirra e aloés.

São João acrescenta que essa maneira de sepultar era o costume próprio praticado pelos judeus. Logo após a morte era preciso fechar os olhos, ligar as mandíbulas, fechar os orifícios do rosto, lavar o cadáver, ungi-lo com vários aromas e óleos, envolvê-lo numa tela branca e cobrir o rosto com um sudário.

No Brasil, o povo conhece o sagrado lençol ou Sínode, no qual Jesus foi envolvido com um termo errado, isto é, com o termo Sudário. De fato, chama-se Sudário um pequeno lençol com que se cobrirá só o rosto.

Esse documento ou “espelho do Evangelho” – como o chamou o Papa João Paulo II – foi sempre objeto de devoção, de curiosidade e de estudo, mas somente depois das primeiras extraordinárias fotografias, feitas em 1898 pelo advogado turinês Secondo Pia, os estudiosos foram incentivados às investigações com novo impulso e vigor.

Os capítulos principais desse estudo são: o caminho da Síndone, o tipo de tecido, a data da tela, as manchas impressas nela, o pólen, a natureza da formação da imagem, os místicos e a Síndone.

1 – O caminho da Síndone

544 – O historiador egípcio Teofilatto escreveu, no início do século VII, que na cidade de Edessa (hoje Urfa, Turquia), uma das primeiras cidades cristãs, durante a difícil campanha contra os persas, o lençol Mandylion foi desdobrado e mostrado em toda a sua extensão para dar ânimo aos soldados.

No mesmo ano, durante o assédio da cidade por parte do rei da Pérsia, Cosroe, ao ser mostrado o Sacro Lençol do alto dos muros, os soldados inimigos fugiram espantados.

É conhecida, de fato, pelos historiadores, a notícia de que em Edessa era conservada uma extraordinária imagem de Cristo, “não feita por mão humana”, que muitos estudiosos identificam como a Sagrada Síndone, dobrada de tal forma que podia ser vista apenas a imagem do rosto.

944 – Nos quatro séculos entre os anos 544 e 944, a notícia do Mandylion se espalha em todo o Império de Bizâncio. O fato é tão singular que, a um certo ponto, o Imperador Romano I Lecapeno se propõe, no último ano do seu reinado, a tomá-lo à força, sitiando Edessa para forçá-la a ceder o Mandylion.

Então, o general João Curcas transporta triunfalmente o sagrado Mandylion para Constantinopla, em 15 de agosto de 944. É nessa cidade que, em 1147, Ludovico VII, rei da França, venera essa imagem com os seus soldados.

Muitos autores de língua grega falam desse Mandylion e, entre os mais conhecidos, lembramos São João Damasceno e João de Jerusalém.

1204 – Nesse ano, um cruzado deixa escrito um testemunho no qual declara que, em Constantinopla, reverenciou “a Síndone do Senhor”.

1353 – A Síndone se encontra na região francesa da Champagne, em Lirey, tendo posse dela um famoso cavaleiro, Goffredo de Charny, que participou da cruzada com Umberto II, Delfino de Viennois. Foi depois exposta na Igreja da Anunciação da Virgem, construída pelo mesmo cavaleiro.

1453Margherida de Charny cede a Síndone ao duque Ludovico de Sabóia, que a guarda em Chambery.

1506 – O Papa Júlio II concede o culto litúrgico e público à sagrada imagem da Síndone.

1532 – A Capela de Chambery sofre um incêndio no dia 4 de dezembro e o Sacro Telo fica danificado. A caixa de prata em que estava protegido ficou queimada e a elevada temperatura deixou cair algumas gotas de metal derretido no Sacro Linho, atravessando-o e queimando alguns cantos.

1534 – As Monjas Clarissas de Chambery, de joelhos, reparam as partes reduzidas a cinzas com remendos triangulares que, atualmente, foram retirados, deixando transparecer os buracos triangulares bem visíveis.

1578Emanuel Felisberto de Sabóia transporta a Síndone para a Igreja de São Lourenço em Turim, a fim de homenagear o Cardeal São Carlos Borromeu e facilitar-lhe no cumprimento do voto que ele tinha feito durante a “Grande Peste” do ano 1576-77.

O Santo veio de Milão em peregrinação, percorrendo a distância a pé, depois de três dias de duríssima marcha sob a chuva, para desobrigar-se do voto, chegando no dia 3 de outubro. Emanuel Felisberto o espera na porta da cidade.

Naquela ocasião, a Síndone ficou exposta por 40 horas no altar-mor. O Arquivo da Companhia de Jesus relata um grande milagre que aconteceu nesse momento, isto é, um mudo de nascimento conseguiu falar.

A Síndone permanece em Turim até os dias de hoje.

1694 – A Síndone é transferida, em 1° de junho, para a belíssima Capela projetada pelo Abade Guarino Guarini e construída especificamente para guardá-la.

1898 – Durante a exposição daquele ano, o advogado Secundo Pia foi autorizado a fotografar, pela primeira vez, o Sacro Linho. A fotografia revela o caráter negativo das imagens da Sagrada Síndone. Isso quer dizer que, no negativo fotográfico, aparecem as imagens da Síndone em positivo; portanto, a Síndone reage como um negativo.

1983 – Com a morte de Umberto II de Sabóia, a Síndone passa, por vontade testamentária, à propriedade da Santa Sé de Roma.

1988 – Algumas amostras são tiradas do Sacro Telo e examinadas para prova do exame de rádio carbono. O modo de escolher as amostras e o método usado se mostram insatisfatórios para um número relevante de estudiosos.

1997 – A Capela do Guarini, alguns dias antes da ultimação dos trabalhos de restauração, é devastada por um espantoso incêndio. A Síndone é salva pelos bombeiros sem que o Sacro Lençol padeça danos.

1998 – Na pública exposição que lembrava o primeiro centenário da primeira fotografia da Síndone, feita pelo advogado Secondo Pia, o Papa João Paulo II visitou a sacra relíquia, em Turim, em 24 de maio, e deixou marcadas na história as suas proféticas palavras, falando da Síndone como uma provocação à inteligência e chamando-a de “espelho do Evangelho”.

Ele exortou os estudiosos a continuarem nas pesquisas. Mas, disse ele: “É justo cultivar na consciência a preciosidade da imagem que todos podem ver e ninguém pode agora explicar. E que, para cada homem e mulher reflexivos, se torna motivo de tão profundas meditações, que chegam a incidir nas decisões da vida.”

2000 – O Papa João Paulo II, por ocasião do Jubileu, autoriza a pública exposição da Síndone entre os dias 12 de agosto a 22 de outubro.

2 – O tipo de tecido e sua data

O antigo lençol é uma peça de fibra crua, cerrada e opaca, fabricada em espinha de peixe, que se pode comparar a outras peças similares, originárias da Mesopotâmia ou da Síria, e é típica de um antigo lençol funerário judaico.

Tecidos semelhantes foram encontrados em Palmira, Dura Europos e Afinões, concluindo-se que seriam usuais no tempo de Jesus.

Estudos dos pólens retirados da superfície do Santo Lençol, por meio de fita adesiva e analisados pelo famoso criminólogo Max Frei, professor da Faculdade de Zurique, revelaram a presença de resíduos de fósseis de pólens provenientes de plantas que existiam na Palestina há dois mil anos. Tais traços fornecem uma prova suplementar da antiguidade e data do lençol.

Um grupo de cientistas e técnicos do Centro Universitário de Navarro, dirigido pelo prof. Francisco Filas S. J., depois de muitos anos de investigações, descobriu nos dois olhos do homem do lençol “as marcas” de moedinhas do tempo de Pôncio Pilatos, com a inscrição de Tibério César.

Numa das duas moedinhas tem inscrita a data do ano 16 de Tibério, isto é, do ano 29/30 d.C., que corresponde, segundo os exegetas, ao tempo da morte de Jesus (7 de abril do ano 30 d.C.).

Esse paralelismo – salientou Filas – demonstra que a Tela Santa data de dois mil anos, sendo essas duas moedas coloniais romanas do Imperador Tibério, cunhadas por Pôncio Pilatos (O Comércio do Porto – agosto de 1980).

O professor Aldo Marastoni, da Faculdade Católica de Milão, depois de vários estudos, descobriu no sacro linho, servindo-se das fotografias de Enrie e das tridimensionais de Tamburelli, a presença de letras em língua hebraica e latina (uma dessas é o resíduo da palavra TIBERIUS).

3 – As manchas são sangue do homem chamado Cristo?

Com base em estudo fisiognomônico, o etnólogo americano Carleton S. Coon concluiu que o homem do lençol era de um tipo racial encontrado hoje em dia entre nobres árabes e judeus sefarditas.

O prof. Pierluigi Baima Bollone, docente de Medicina Legal da Universidade de Turim e diretor do Centro Sindonológico Internacional, demonstrou cientificamente, diante do II Congresso Nacional de Sindonologia, em novembro de 1981, usando soros fluorescentes, que as manchas do Sacro Lençol são sangue – e sangue humano.

Outros cientistas e médicos, como o professor de Anatomia da Sorbonne, Yves Delage (um convicto agnóstico), o cirurgião francês Pierre Barbet e o patologista americano Robert Buklin, de Los Angeles, examinando os fluxos de sangue visíveis na relíquia, identificaram cinco momentos de sofrimento a que foi submetido o homem do Santo Lençol, denunciados pelas seguintes lesões:

a) Grande inchaço abaixo do olho direito e feridas superficiais pelo rosto. Embora não sejam visíveis aos leigos, foram confirmadas por médicos como o patologista Buklin. Tais ferimentos corresponderiam aos duros golpes desferidos no rosto de Jesus, descritos em todos os quatro Evangelhos.

b) De acordo com os cientistas da NASA, que também examinaram o lençol, 121 chibatadas marcam, de modo especial, as costas e a frente. Da maneira como podem ser vistas, sugerem contusões resultantes de chibatadas produzidas pelo açoite ou “flagrum” romano; arma constituída de três tiras de couro em cujas pontas são fixadas bolotas de metal ou de osso.

As chibatadas estavam previstas no ritual preliminar à crucificação romana e Jesus, conforme a descrição de todos os Evangelhos, a elas foi submetido.

c) Fluxos irregulares de sangue na testa e em toda a parte de trás do crânio, interpretados como resultados de alguma espécie de coroa ou círculo de arame farpado aplicado à cabeça do homem do lençol.

Presumivelmente, trata-se da coroa de espinhos, aplicada com força à cabeça de Jesus, sob a zombaria dos soldados de Pilatos, conforme está amplamente registrado nos Evangelhos.

O caráter único desta indignidade cometida contra Jesus levou muitos estudiosos à crença de que (salvo se for uma deliberada falsificação, mas para isso não temos prova alguma), o Santo Lençol deve ser genuinamente a mortalha do próprio Deus dos cristãos, antes de qualquer desconhecido crucificado.

d) Fluxos de sangue nas mãos e nos pés, decorrentes de perfurações por pregos.

Curiosamente, ao contrário das pinturas de artistas que imaginaram os pregos perfurando as palmas das mãos de Jesus, o cirurgião francês Barbet demonstrou convincentemente que o homem da Síndone teve somente perfurado o espaço de Destrot, que é o espaço que existe entre o osso do pulso, “feito em V.”

e) Feridas de configuração elíptica do lado direito do corpo, que os médicos localizaram entre a quinta e a sexta costelas.

Trata-se de um ferimento de lança e, naturalmente, vem confirmar o golpe final que um soldado deu em Jesus, descrito por São João, depois de morto.

4 – O Pólen

O cientista e famoso criminólogo de Zurique, Max Frei, no Congresso Internacional de Turim, em outubro de 1978, apresentou os resultados de uma análise paciente e detalhada sobre 49 espécies de pólens encontradas nas regiões por onde esteve e permanece o Sudário.

No Congresso de Bolonha, em novembro de 1981, outras 10 espécies de pólens foram apresentadas.

Observações importantes sobre os pólens:

  • Os pólens, bem distintos entre si, foram estudados com ampliações de até 17 mil vezes, tornando impossível qualquer confusão entre eles.

  • A conclusão desses estudos é a seguinte: no Sudário há grãozinhos de pólens característicos da flora da Palestina, da Turquia, da França e da Itália, correspondendo às etapas principais do “itinerário” da relíquia.

Confirmação da autenticidade:

  • Tal estudo confirma, mais uma vez, a autenticidade da Síndone, pois seria impensável falsificar o lençol semeando nele pólens dos diversos lugares indicados pela tradição oral.

  • Foram encontrados pólens de árvores que atualmente não existem mais, mas que existiam na época em que o Sudário passou por esses locais.

Nota importante: no passado, não se sabia que o pólen poderia conservar-se por milhares de anos, nem que futuramente seria possível identificá-lo com o auxílio do microscópio eletrônico.

1 – Lineas de carbonização

2 – Sinais da água usado para apagar o incêndio

3 – Ferida do prego no pulso esquerdo

4 – Ferida no lado direito do peito

 Rosto

6 – Coágulo de sangue na fronte

7 – Coágulo de sangue na nuca

8 – Sinais de golpes de flagelo

9 – Remendos sobre o lençol depois do incêndio

10 – Sola do pé direito

5 – A natureza da formação da imagem

O problema debatido pelos cientistas, desde as primeiras fotografias da Síndone, é que as imagens estão em negativo, enquanto os grumos de sangue aparecem em positivo.

Várias foram as tentativas de explicação. Uma delas foi a teoria denominada “vaporográfica”, hoje completamente abandonada. Segundo essa hipótese, a imagem teria sido efeito de uma série de reações provocadas pela emanação de vapores sobre a tela, sem contato direto.

Outras teorias mais prováveis são a do professor Sebastião Rodante e a da Nasa.

O médico Rodante teve a feliz ideia de reproduzir, em sua experiência, as condições mais próximas daquelas em que permaneceu o cadáver de Jesus. Realizou o experimento nas catacumbas de Siracusa, onde deixou um modelo envolvido em aloé, mirra, sangue etc., por 36 horas.

O resultado foi uma semelhança impressionante – tanto no negativo quanto no positivo – com a Síndone. A diferença, porém, é que os sinais produzidos no lençol do experimento desapareceram com o tempo, enquanto os da Sacra Síndone permanecem visíveis, mesmo após dois mil anos.

As observações também confirmaram que o homem envolvido na Síndone permaneceu em absoluta imobilidade durante todo o tempo em que esteve ali.

John Jackson e Eric Jumper, investigadores da Academia das Forças Aéreas norte-americanas de Colorado Springs, acompanhados por outros estudiosos, analisaram os efeitos de radiações de enorme potência, como as atômicas. Chegaram a sugerir que o Sudário teria registrado um relâmpago de radiação e energia radiante de altíssimo potencial, emitido por um milésimo de segundo – ou até menos – como causa da impressão do corpo de Cristo no tecido.

Evidentemente, surge a pergunta: como um corpo humano, morto, frio e sem vida, poderia desenvolver tamanha energia?

A hipótese levantada é que a Ressurreição de Cristo teria provocado essa emissão de energia radiante. A mudança física do corpo, sob influxo da Ressurreição, poderia ter produzido uma breve e violenta emissão de radiação sem calor.

Neste caso, o lençol seria quase uma fotografia de Cristo retomando a vida, gerada por uma radiação ou incandescência análoga aos efeitos do calor.

Assim, estaríamos diante de uma possível deflagração termonuclear, não vinda do exterior, mas do interior do corpo envolto no lençol.

Se isso for verdade, a Síndone seria uma esplêndida prova física da Ressurreição de Cristo.

6 – Autenticidade

A hipótese de falsificação pode, de fato, ser rejeitada, pois muitos elementos, como vimos, se opõem a essa ideia. Outros ainda podem ser acrescentados:

a) O negativo – As fotografias feitas em 1898 revelaram que a dupla marca do Santo Sudário é uma imagem em negativo. Ora, muitos séculos antes da invenção da fotografia, quem poderia ter a ideia de criar um negativo?

b) A Nasa – Os cientistas John Jackson e Eric Jumper destacaram a perfeição tridimensional do lençol. Verificou-se que a imagem era uniformemente mais clara ou mais escura em função da distância entre o corpo e a tela. Segundo esses estudiosos norte-americanos, o lençol seria um termógrafo, pois a imagem teria sido formada por uma brusca e momentânea emanação de calor.

c) O professor Tamburelli – Da Universidade de Turim, obteve no Centro Studi e Laboratori Telecomunicazioni uma imagem tridimensional, uma máscara verde da mesma figura. Para isso, utilizou uma complexa aparelhagem eletrônica, cujos dados foram processados em um computador programado especificamente para tal finalidade.

7 – Os místicos cristãos – o que dizem da Síndone?

Antes de tudo, lembramos que as afirmações dos místicos são simples revelações privadas, que em nada querem concorrer com a ciência. Todavia, podem indicar caminhos para a teologia e para qualquer ciência; tê-las em consideração é prudência.

Apresentamos algumas afirmações de duas místicas sobre a Sacra Síndone que são extremamente significativas e prováveis.

Uma delas é Ana Katharina Emmerick, alemã, estigmatizada e vidente. Segundo suas indicações recebidas em êxtase, foi possível visualizar, em Êfeso, a casa de Nossa Senhora, que posteriormente os arqueólogos de fato encontraram.

Sobre o Sacro Lençol de Turim, Jesus lhe disse:

“Saibais que as contusões ferozes infligidas aos meus rins fizeram com que eles parassem de trabalhar e foram o agente químico mais poderoso na impressão milagrosa da minha imagem na Sagrada Síndone. Pelo fato de que os rins eram incapazes de filtrar, acumulou-se no círculo do sangue a uréia. Todo o meu sangue e todo o meu corpo ficaram intoxicados, provocando o sofrimento terrível da intoxicação urêmica. Foi este o reagente principal, que trasumando do meu cadáver fixou a imagem sobre a tela.”

A mística também descreveu o caminho percorrido pelo Sudário:

“Vi a Sacra Tela nas mãos de hebreus. Vi-a venerada pelos cristãos em diferentes lugares. Vi-a em Turim. Na França.”

Outra mística, Maria Valtorta, morta em 12 de outubro de 1961, deixou escritas 15.000 páginas sobre suas visões da vida de Cristo. Sobre a Síndone, disse:

“Podeis dizer que eu não amei esta terra onde eu levei as relíquias da minha vida e da minha morte: a casa de Nazaré, onde fui concebido, e a Síndone, onde o suor de minha morte imprimiu o sinal da minha dor, sofrido para a humanidade?”

Conclusão

Como se percebe no estudo, as razões para crer que o Sacro Lençol é a autêntica tela em que foi envolvido o corpo do Senhor Jesus são cada vez mais convincentes.

O tecido apoia a autenticidade da Síndone, sendo conforme, no conjunto e no particular, aos tipos de tela que se teciam no Oriente Médio do século I.

As fotografias apresentam uma imagem em negativo, antecipando por séculos a descoberta da fotografia, o que exclui a possibilidade de pintura.

O corpo representado é perfeito, sem erros anatômicos, fisiopatológicos, hematológicos ou imunológicos nas imagens e nas manchas.

As marcas registradas foram identificadas como sangue humano e resíduos de DNA.

Estão presentes pólens de plantas que só existem na Palestina e em outros lugares indicados pela tradição como trajetos da Síndone.

Nos olhos, aparecem as marcas de duas moedinhas com as letras de Tibério César, cunhadas nos anos 29/30 d.C., atribuídas a Pôncio Pilatos por estudos do século passado.

Fotografias, estudos e exames com as máquinas mais sofisticadas confirmam, pouco a pouco, aquilo que a tradição ensinava.

Indiscutivelmente, o lençol de Turim envolveu um crucificado, coroado de espinhos, flagelado, com as mãos perfuradas e uma chaga profunda no lado direito – um crucificado a quem aconteceu algo extraordinário.

Como a data do lençol é de 2000 anos e proveniente da Palestina, tudo indica que este crucificado seja o próprio Jesus Cristo.

O Papa João Paulo II, em entrevista com jornalistas em 28 de outubro de 1989, declarou a Síndone como “relíquia”, reforçando o que dissera em discurso oficial:

“Uma relíquia insólita e misteriosa, singularíssima testemunha, se aceitamos os argumentos de tantos cientistas, da Páscoa, da paixão, da morte e da ressurreição. Testemunho mudo, mas ao mesmo tempo surpreendentemente eloquente.”

O Evangelho de Marcos (cf. 15, 24-36) relata que o centurião romano, vendo Jesus pregado na cruz, impotente, humilhado e escarnecido, mas interiormente compenetrado de uma missão majestosa, exclama comovido: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!”

Muitos séculos depois, de forma harmônica, o livre pensador Yves Delage, na Academia da Ciência de Paris, no início do século XX, disse:

“A figura do lençol é de Cristo e, se não fosse dele, deve tratar-se de um criminoso qualquer. Mas, então, como explicar a majestosa nobreza daquele vulto?”